outubro 01, 2014

As constantes mudanças da Língua Portuguesa



Você já deve ter se deparado inúmeras vezes com a dúvida de como escrever algumas palavras depois do surgimento do novo acordo ortográfico, aquele que aboliu o uso do trema em todas as palavras, e que fez com que palavras usuais como ‘ideia, joia, estreia’ perdessem o acento agudo. ‘Voo, enjoo, veem e leem’ também perderam o acento circunflexo, essas são algumas mudanças que ocorreram na gramática. Esse ‘novo acordo’ não é tão novo assim, ele foi proposto em 1990, quando assinado em Lisboa (Portugal) e só aprovado em 1995, entrando em vigor no Brasil dia 1(primeiro) de janeiro de 2009. O prazo determinado para que os brasileiros absorvessem todas as mudanças foi até 2013, mas esse foi estendido pelo governo brasileiro até 2016 devido a grande dificuldade de adaptação, até esta data a utilização das novas regras continua sendo opcional.
O acordo busca a unificação do idioma na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, formada por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Mas, parece que um novo acordo pode surgir em breve, esse de uma maneira mais polêmica, é uma proposta da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado que, pretende eliminar a letra ‘h’ do início das palavras como ‘homem, história, hora’, passando a serem escritas ‘omem, istória, ora’; sugere também que palavras como ‘queijo, aquilo, quero’ omitam a letra ‘u’ e passem a ser escritas ‘qeijo, aqilo, qero’. A palavra ‘casa’ deixa de ser escrita com ‘s’ e será  escrita com ‘z’, ‘caza’, pois a sonoridade da palavra condiz com a letra ‘z’. A alteração mais revoltante é nas palavras escritas com ‘ss’ como, ‘amassar, massa, passado’, que perdem um ‘s’ e passam a ser ‘amasar, masa, pasado’.
A questão é que fica difícil aceitar uma alteração que tire a identidade das palavras que conhecemos e usamos diariamente. Se o uso do hífen, do acento agudo e do trema ainda é um problema, pensemos em um dia ter que escrever ‘qeijo’ e ‘omem’. Mas se ainda não ficou claro o acordo ortográfico de 2009, para que propor um novo acordo que suprime as letras após um acordo feito tão recentemente? Se a ideia é adequar o idioma às dificuldades encontradas pelos professores de ensinar a Língua Portuguesa, seria uma boa alternativa simplificar a gramática? Acredito que isso agravaria ainda mais o problema, pois demonstraria um não domínio do próprio idioma. Se o Senado investisse em recursos educativos, como o incentivo à leitura ou programas de qualificação profissional para professores, não seria preciso realizar reformas constantes e desnecessárias.

Maritana Corazza
Graduada em Letras (UPF) e aluna do Curso de Especialização em Língua Portuguesa: Novos Horizontes Teóricos e Práticos da Universidade de Passo Fundo.


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