Você
já deve ter se deparado inúmeras vezes com a dúvida de como escrever algumas
palavras depois do surgimento do novo acordo ortográfico, aquele que aboliu o
uso do trema em todas as palavras, e que fez com que palavras usuais como ‘ideia,
joia, estreia’ perdessem o acento agudo. ‘Voo, enjoo, veem e leem’ também
perderam o acento circunflexo, essas são algumas mudanças que ocorreram na
gramática. Esse ‘novo acordo’ não é tão novo assim, ele foi proposto em 1990,
quando assinado em Lisboa (Portugal) e só aprovado em 1995, entrando em vigor
no Brasil dia 1(primeiro) de janeiro de 2009. O prazo determinado para que os
brasileiros absorvessem todas as mudanças foi até 2013, mas esse foi estendido
pelo governo brasileiro até 2016 devido a grande dificuldade de adaptação, até
esta data a utilização das novas regras continua
sendo opcional.
O acordo busca a unificação do idioma na Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa, formada por Angola, Brasil, Cabo Verde,
Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Mas,
parece que um novo acordo pode surgir em breve, esse de uma maneira mais
polêmica, é uma proposta da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado
que, pretende eliminar a letra ‘h’ do início das palavras como ‘homem,
história, hora’, passando a serem escritas ‘omem, istória, ora’; sugere também
que palavras como ‘queijo, aquilo, quero’ omitam a letra ‘u’ e passem a ser
escritas ‘qeijo, aqilo, qero’. A palavra ‘casa’ deixa de ser escrita com ‘s’ e será
escrita com ‘z’, ‘caza’, pois a
sonoridade da palavra condiz com a letra ‘z’. A alteração mais revoltante é nas
palavras escritas com ‘ss’ como, ‘amassar, massa, passado’, que perdem um ‘s’ e
passam a ser ‘amasar, masa, pasado’.
A questão é que fica difícil aceitar uma alteração que tire a
identidade das palavras que conhecemos e usamos diariamente. Se o uso do hífen,
do acento agudo e do trema ainda é um problema, pensemos em um dia ter que
escrever ‘qeijo’ e ‘omem’. Mas se ainda não ficou claro o acordo ortográfico de
2009, para que propor um novo acordo que suprime as letras após um acordo feito
tão recentemente? Se a ideia é adequar o
idioma às dificuldades encontradas pelos professores de ensinar a Língua
Portuguesa, seria uma boa alternativa simplificar a gramática? Acredito que
isso agravaria ainda mais o problema, pois demonstraria um não domínio do
próprio idioma. Se o Senado investisse em recursos educativos, como o incentivo
à leitura ou programas de qualificação profissional para professores, não seria
preciso realizar reformas constantes e desnecessárias.
Maritana
Corazza
Graduada em Letras (UPF) e aluna do
Curso de Especialização em Língua Portuguesa: Novos Horizontes Teóricos e Práticos da
Universidade de Passo Fundo.
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